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Conversas de mesa de bar: Eu renasci

Foto: Sam Rodrigues
Por Sam Rodrigues

Mataram um pouco da minha intensidade, eu sei. Fuzilaram muitos dos meus sentimentos, enforcaram meus exageros e detonaram minhas carências. Um banho de sangue na minha alma, uma chacina no meu coração.  Não foi de repente, foi uma tortura lenta em que dia após dia um novo corpo era achado morto dentro de mim. Teve dor, teve choro, teve pena, teve de tudo. Eu morri.
Mas o tempo é bom, talvez ele seja o próprio Deus, porque ele passa, lentamente, sem pressa, numa calma irritante e quando nos damos conta, renascemos. Eu renasci.


Eu nasci límpida, insípida, inodora e incolor. Eu nasci sem preconceitos, sem medos, sem traumas, sem os famosos exageros. E renasci da mesma forma. A leveza de uma vida nova, de uma alma nova, de uma pessoa nova, como um bebê que nasce saudável e curioso. A diferença é que já sei coisas demais pra um bebê, sou mais como uma fênix que precisou pegar fogo pra poder ressurgir de suas próprias cinzas, de seus próprios restos. 



E no meio do caos, da guerra, a sujeira, da injustiça, da ignorância, eu permiti que nascesse amor, compaixão, esperança, perdão, otimismo e alegria. Alegria. Alegria em estar viva e poder morrer todos os dias pra nascer novamente, cada vez mais jovem, cada vez mais velha, cada vez melhor. Renascer, nascer, alegria.

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